Polícia apreendeu duas armas de fogo, várias munições, um aparelho de choque e 650 euros na casa de um dos sócios da Bioseg, laboratório fechado durante a operação Contraprova, que apura a fraude e falsificação de exames.
De acordo com as informações apuradas até o momento, nesse caso, a polícia foi até a casa do investigado para cumprir apenas busca e apreensão. Ele mora em um edifício de luxo, na avenida Senador Filinto Müller, no Quilombo, em Cuiabá.
Lá, chamaram por várias vezes os moradores, mas sem sucesso. Os investigadores precisaram arrombar a porta do apartamento. O investigado não estava em casa, apenas a noiva. Ela acompanhou os trabalhos dos policiais.
Foram localizadas duas armas de fogo, sendo uma carabina e uma pistola Taurus. Além disso, foram apreendidas ainda várias munições, um aparelho de choque e 650 euros.
Operação
Polícia cumpre 11 mandados na investigação que apura as fraudes e falsificações de exames na Bioseg, que atua em Cuiabá, Sorriso e Sinop. Os 3 sócios da empresa estão entre os alvos, porém, apenas um – que é biomédico – foi preso de forma preventiva. Ele era o responsável técnico pelo laboratório.
A rede, identificada por meio de investigações conduzidas pela Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (Decon), realizava exames para diversos órgãos públicos, como a Câmara e a Prefeitura de Cuiabá, e também para clínicas médicas particulares, nutricionistas e um convênio médico, além de atender pacientes particulares.
A Justiça determinou ainda a interdição das 3 unidades do laboratório, bem como a suspensão do registro de biomédico do sócio preso, suspensão de contratos do laboratório com o Poder Público e proibição dos sócios de contratar com órgãos públicos da União, Estados e Municípios.
Ao final do inquérito, os investigados poderão ser indiciados nos crimes de estelionato, falsificação de documento particular, peculato e associação criminosa, cujas penas podem chegar a até 25 anos de prisão, além de multa.
Fatos apurados
As investigações começaram em abril deste ano, após denúncia recebida pela Vigilância Sanitária Municipal de Cuiabá de que um dos sócios e responsável técnico pelo laboratório estaria falsificando os resultados de exames.
Na ocasião, a unidade foi interditada, e o investigado chegou a ser preso em flagrante delito. O laboratório recebia e coletava amostras de material biológico, incluindo secreção de pacientes de home care, realizando ainda exames de covid-19, toxicológico e de doenças como sífilis, HIV e hepatites.
Os laboratórios possuíam unidades nos municípios de Cuiabá, Sinop e Sorriso. Porém, no decorrer das investigações, foi apontado que o laboratório não realizava os exames internamente nem enviava os materiais biológicos para outros laboratórios, como afirmavam os sócios.
As amostras coletadas dos pacientes eram descartadas sem qualquer análise e os resultados dos laudos eram falsificados pelo sócio responsável técnico, que também é biomédico. Ele foi preso preventivamente nesta sexta-feira. Durante o cumprimento dos mandados de buscas foram apreendidos armas, munições e diversos documentos.
Contraprova
O nome da operação faz referência à análise de contraprova, exame de confirmação destinado a verificar a veracidade de um resultado. O nome simboliza a atuação da Polícia Civil como verdadeira “contraprova” que desmascarou os resultados falsos emitidos pelos investigados.