O principal ponto debatido foi o acordo judicial firmado entre os moradores e a massa falida, que detém parte da matrícula da área ocupada.
No entanto, uma parte significativa do terreno – cerca de 83% – pertence à Prefeitura de Juara, o que gera complicações legais, já que o município não foi notificado formalmente no processo e, portanto, não participou do acordo.
A complexidade jurídica da área
O vice-prefeito Léo Boy explicou que o caso é complexo e envolve duas matrículas distintas: uma pertencente exclusivamente à massa falida, e outra em condomínio entre a massa falida e a Prefeitura.
“É uma demanda antiga, de mais de 20 anos. A massa falida firmou um acordo com os moradores, o que é positivo. Porém, nessa matrícula em condomínio, 83% da área são da prefeitura e 17% da massa falida. Não está claro no mapa onde estão esses percentuais, o que dificulta o cumprimento do acordo”, disse Léo Boy.
O vice-prefeito ainda mencionou que a prefeitura irá analisar o caso com sua procuradoria jurídica e que a criação de uma comissão técnica já foi determinada pelo prefeito Ney para buscar uma solução definitiva.
Insegurança entre moradores
O presidente da Associação de Moradores, Fábio Pasche, destacou que o desencontro de informações e a insegurança jurídica geraram resistência dos moradores em aderir ao acordo.
“Hoje ficou mais claro. Muitos saíram da audiência dispostos a assinar o termo de adesão. Mas ainda há preocupação quanto à área da prefeitura. Nossa advogada vai peticionar no processo para esclarecer essa divisão entre os 17% e os 83%”, afirmou.
REURB e o papel do Plano Diretor
Durante a audiência também foi abordada a possibilidade de aplicar a REURB (Regularização Fundiária Urbana), instrumento legal que permite a regularização de imóveis urbanos ocupados irregularmente. Para isso, é necessária a aprovação de um novo Plano Diretor Municipal, o que está em andamento.
Segundo o defensor público Rômulo Moreira Nader, a REURB é o caminho ideal para garantir a titularidade das propriedades, mas a atual situação jurídica precisa ser resolvida antes.
“Hoje todos estão na posse, mas não têm a propriedade reconhecida. A audiência serviu para esclarecer dúvidas, ouvir a população e alinhar caminhos. A REURB só será possível após resolver os impasses com as matrículas e os processos judiciais”, destacou o defensor.
Alternativa: desapropriação da área
Entre as soluções discutidas, uma das mais debatidas foi a possibilidade de a prefeitura desapropriar a parte da massa falida, consolidando 100% da área e viabilizando a REURB de forma global.
“Essa opção ainda precisa ser avaliada juridicamente, pode ser mais demorada, mas traria segurança aos moradores”, explicou o defensor Rômulo.